A vinte minutos de Campina Grande, Paraíba, encontramos um pedacinho muito importante da história brasileira: uma comunidade quilombola, situada no município de Riachão do Bacamarte.
Para aqueles que não estão familiarizados com o termo aqui vai uma pequena explicação: Quilombolas eram sítios formadas unicamente por escravos fugidos dos seus senhores. Nessas áreas, os negros aproveitavam a sua liberdade, e constituíam famílias, desenvolviam vários trabalhos ligados a lavoura, ao artesanato, professavam a sua fé livremente, e desenvolviam a sua cultura.
O Convention Bureau, na pessoa do seu Presidente, Marinaldo Barreto dos Santos, e do Relações Públicas, Helmy Lira, acompanhados de uma comitiva enviada pelo Prefeito, Gil Tito, visitaram no último sábado, dia 26 de março,a comunidade quilombola do Grilo, situada no município de Riachão do Bacamarte.
A comunidade do Grilo, é formada por 50 famílias descendentes diretas de escravos. Segundo a Vice-Presidente, da Associação de Moradores, D. Leonilda, conhecida pelo apelido meigo de D. Paquinha, a comunidade possui mais de 100 anos de existência, e já remonta a 3º geração nascida e criada naquela área.
O empresário, Marinaldo Barreto, visitou a comunidade do Grilo, para avaliar o seu potencial turístico, a visita faz parte do Projeto: Campina Grande e Seus Roteiros Turísticos, que tem como foco mostrar os mais belos e ricos roteiros turísticos de 23 municípios que fazem parte da Grande Campina. Nesses roteiros será mostrado o outro lado da região como: trilhas de vários quilômetros de extensão, cavalgadas, cachoeiras escondidas na mata, pinturas rupestres com milhares de anos, escalada e rapel, e com isso demonstrar que o nordeste é muito mais que sol e mar.
Para chegar até a comunidade, a equipe caminhou cerca de meia hora por uma trilha, que vai se elevando aos poucos, a beleza vai se descortinando ao longo da subida, no final da trilha os viajantes param no topo do monte, e a sensação de liberdade e contemplação da natureza proporciona ao aventureiros o sentimento que a subida valeu a pena, outro forte atrativo são os montes e nuvens que inspiraram vários cineastas paulistas a filmarem na Paraíba.
Na chegada, o grupo foi recebido por D. Paquinha, Vice-Presidente da Associação de Moradores, uma senhora negra como convém aos seus antepassados, de cinqüenta e poucos anos, de estatura mediana, aparência frágil, mas que carrega dentro de si toda a força de um passado não muito distante, que se nega a apagar. Ela afirmou que a escola da comunidade conta com quatro professores, todos formados pelo Projeto Brasil Alfabetizado. Na escola, feita pelos próprios moradores com barro batido e retirado da terra, as crianças recebem educação até a quarta série do ensino fundamental. Para a equipe o que mais surpreendeu foi a organização e a solidariedade dos moradores. As três construções mais importantes: escola, associação e igreja, foram feitas por eles, em um espírito que segundo a comunidade está de acordo com os seus antepassados, quando séculos atrás todo o trabalho e resultado da lavoura eram divididos entre os moradores.
Os turistas que visitam a quilombola do Grilo, são principalmente italianos e franceses, que vêem a região atraídos pela rica história da quilombola, onde eles aproveitam para conhecer as danças típicas como a ciranda e a capoeira, o artesanato das mulheres que fazem panelas de barro onde são servidas as comidas aos turistas.
As belezas naturais do local também não podem ser esquecidas, como a cachoeira do Chichiu, uma linda queda d’àgua a apenas dois quilômetros da comunidade. Para chegar ao local, os turistas descem por uma trilha de terra, margeada pelas serras verdes que vemos em toda a região, ao chegar à cachoeira eles se deparam com um espetáculo de uma enorme queda d’água, e noite e dia, sons e cores misturam-se à paisagem e somam-se à magia borbulhante da cachoeira do Chichiu.
Outro forte atrativo turístico são as pedras e trilhas, os turistas mais aventureiros encontram nessa região um prato cheio para a prática de esportes como escalada e rapel. Nessa área é possível encontrar duas grandes pedras que são escaladas por pessoas de todo o Brasil, as trilhas também não ficam atrás, a maioria delas é avaliada em nível médio.
O turista que visitar a cidade de Richão do Bacamarte vai ter uma grata surpresa ao se deparar com um pedacinho da história brasileira, encravada nas serras da Borborema, um autêntico quilombola. A comunidade do Grilo, formada por descendentes de escravos, que mantém viva a sua cultura através do artesanato, culinária, canto, dança e muitas outras formas de expressão de um povo que traz forte consigo a memória de seus antepassados.
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