sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Ronaldo Cunha Lima abre o Coração em Versos e faz Revelações

Ronaldo Cunha Lima e Dona Glória na Abertura da 1ª Feira Literária de Boqueirão

O Blog Marcos Alfredo lançou o desafio e ele topou: perguntas seriam feitas em forma de versos e as respostas, naturalmente, seguiriam o mesmo modelo.
Ex-vereador, ex-deputado estadual, ex-prefeito de Campina Grande, ex-governador, ex-senador, ex-deputado federal. Ronaldo José da Cunha Lima, 75, já passou por todos esses cargos públicos, ao longo de 43 anos de carreira política.

Afastado da atividade pública por problemas de saúde, o guarabirense Ronaldo Cunha Lima tem orgulho de não ser “ex”  numa atividade: poeta.  Com vários livros lançados e sempre um no prelo, pois sua produção mental continua fervilhando o dia todo, Ronaldo de fato aceitou de bom grado essa nossa proposta inusitada de entrevista.

As respostas começaram a ser produzidas na semana passada, num momento especial à essa altura da vida do poeta: finalmente, após um longo suplício jurídico, seu filho e herdeiro político Cássio Cunha Lima teve a diplomação e posse determinadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Foi uma notícia que animou o velho espírito de um político que, na maior parte de sua vida, sempre se tornou na Paraíba referência de  bom humor, irreverência, raciocínio rápido e alto astral.

Mas vamos à entrevista no padrão que Ronaldo Cunha Lima mais se compraz. Espero que o leitor também tenha prazer nesse nosso inusitado “Ping Pong”.

Pergunta: Blog de Marcos Alfredo

O vate faz que vê o invisível,
Diz que toca, quando quer, o abstrato
Tem o éter alugado em comodato,
Superlota de idéia o incabível.
Põe entrada no inadmissível,
Diz que alma apaixonada furta cor,
E que vê, sempre, o Anjo do Senhor
Como a burra de Balaão, Profeta.
Lhe pergunto: Assim como o poeta
É todo homem público, fingidor?

Resposta: Ronaldo Cunha Lima

A vida nos exige o fingimento,
Fazendo-nos atores, todo instante.
O palco é passageiro, e tão constante,
Como é constante o perpassar do vento!
A depender do drama e do momento,
O palhaço, o profeta, o pensador,
O poeta, o político que for,
Numa jura jurada só metade,
Dependendo da dor d’uma verdade,
De quando em vez se vão de “fingidor”!

Blog:
O poder da auto-crítica só tem mérito
Se promove o perfil do "suplicante"
Toda conjectura nos garante
Recorrer ao futuro do pretérito.
Cada homem constrói o seu inquérito
Da forma que julgar a preferida.
Ao passado onde foi nossa guarida
O presente guarnece com escolta.
Se no tempo, possível fosse a volta
O que reformaria em sua vida?

Ronaldo:
A minha vida, escrita em livro aberto,
Com poucos erros e plurais acertos,
Embora me esmerasse nos consertos,
Eu a vivi de coração aberto.
Pedi perdão nos erros e, decerto,
Apesar dos percalços e das dores,
Aos meus acertos não pedi louvores.
Mas se o tempo voltasse a minha estrada,
Eu seria bem mais pra quem tem nada
Seria bem mais fértil nos favores!

Blog:
"As dores do mundo", de momento
Citadas na canção fazem pensar
Que a paixão as permitem suplantar,
Mas levanto este questionamento:
Dentre as tantas, a do arrependimento
Da doença, que dos olhos rouba a cor,
Do exílio, que causa dissabor
Da mais temível "fera", solidão
Da injustiça, que fere a razão,
Qual delas constitui a maior dor?

Ronaldo:
As dores que marcaram minha vida,
Machucando de morte os dias meus,
Em preces puras entreguei a Deus,
Numa graça por Ele concedida.
E depois dessa graça recebida,
A minha vida a Deus tendo entregado,
Liberto estou das dores do passado!
Há uma dor, porém, que me entristece,
Uma dor que resiste à minha prece:
A dor maior de amar sem ser amado!

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